Crise nos Correios marca as falas nas assembleias regionais em Criciúma e Blumenau
Durante as assembleias, a direção do Sintect/SC alertou para a complexidade e a dureza desta Campanha Salarial, considerada uma das mais difíceis já enfrentadas.
Em meio à grave crise financeira enfrentada pelos Correios, os dirigentes do Sintect/SC Pedro Rafael, Helio Samuel, Silvino Endler, Luiz Alberto, Rafael Pereira e Fabrício Ferreira realizaram, no último dia 22 de julho, assembleias regionais nas cidades de Criciúma e Blumenau.
As reuniões reuniram ecetistas das respectivas regiões e debateram temas centrais para a categoria, com destaque para a Campanha Salarial 2025/2026 e as recentes notícias sobre a situação financeira da estatal.
As assembleias em Criciúma e Blumenau reforçam o compromisso do sindicato com a interiorização da luta sindical, ampliando a participação dos trabalhadores que atuam fora dos grandes centros.
Durante as assembleias, a direção do Sintect/SC alertou para a complexidade e a dureza desta Campanha Salarial, considerada uma das mais difíceis já enfrentadas.
Os dirigentes sindicais reforçaram que a realidade da empresa, que acumula 11 trimestres consecutivos de prejuízo, já é sentida no dia a dia pelos trabalhadores em suas unidades de trabalho.
“Não é exagero ou chavão. A crise é real e já impacta diretamente a rotina da categoria”, afirmou um dirigente Helio Samuel.
Apesar do cenário adverso, o sindicato deixou claro que não abrirá mão da discussão e da luta pelo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
Entre as pautas prioritárias estão a ampliação dos direitos, a recuperação de perdas acumuladas em gestões anteriores e, principalmente, a defesa da continuidade dos Correios como empresa pública, o que representa a garantia de milhares de empregos em todo o país.
Déficit bilionário e adiamento de pagamentos
O sindicato também exige esclarecimentos diante da recente revelação de que os Correios suspenderam o pagamento de R$ 2,75 bilhões em obrigações, como forma de tentar preservar a liquidez e reequilibrar o fluxo de caixa da estatal.
Entre os valores postergados estão repasses ao INSS patronal, fornecedores, plano de saúde Postal Saúde, fundo de pensão Postalis, além de tributos e benefícios trabalhistas como vale-alimentação/refeição.
O adiamento foi confirmado em documento interno da empresa, revelado pelo portal g1, no qual a gestão admite a postergação como medida emergencial.
“Com foco na continuidade das operações, essa iniciativa teve como objetivo central preservar a liquidez e reequilibrar, ainda que temporariamente, a estrutura do fluxo de caixa”, afirma trecho do documento.
Confira alguns dos valores adiados:
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INSS Patronal – R$ 741 milhões
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Fornecedores – R$ 652 milhões
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Postal Saúde – R$ 363 milhões
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Remessa Conforme – R$ 271 milhões
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Vale-alimentação/refeição – R$ 238 milhões
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PIS/Cofins – R$ 208 milhões
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Postalis – R$ 138 milhões
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Franqueadas – R$ 135 milhões
Preocupação com possíveis demissões
A situação gerou ainda mais preocupação entre os trabalhadores, diante de boatos que circulam sobre possíveis demissões nos Correios.
O Sintect/SC está exigindo da direção da empresa esclarecimentos formais sobre essa possibilidade e cobrando explicações sobre a fundamentação legal de qualquer medida nesse sentido.
“Queremos transparência e responsabilidade com os trabalhadores, que não podem ser penalizados pelos erros de gestão”, destacou Samuel.
Moção contra a entrega unificada no Paraná
Outro ponto debatido nas assembleias foi a aprovação de uma moção de repúdio à entrega unificada adotada no estado do Paraná.
O Sintect/SC reitera sua posição contrária a esse modelo de trabalho, que precariza as condições dos ecetistas e compromete a qualidade do serviço prestado à população.